A dor que toma minha alma II
a dor que toma minha alma
me rasga,
arrebenta
o meu interior.
ela vem.
com seus chifres de corte,
machuca,
corrói e destrói
a mais linda
esperança.
chicoteia,
amarra,
me trava,
assassina cruel
que por mais
que eu fuja
sempre
me alcança.
a dor que toma minha alma
é injusta,
sufoca,
me crava de lanças,
gorgulha minha vida,
lezíria meu ser.
ela vem,
paralisa,
estagna,
me refreia no nada,
aflige,
acanha
todo meu viver.
a dor que toma minha alma,
enoja da vida,
amortece os sentidos
descamba no lodo,
na noite atroz.
ela vem,
me cerra no cerne,
me tira a alegria,
acaba com meu dia,
num certame perdido.
a dor que toma minha alma
não conhece o amor,
nem vê a esperança,
não valoriza
a vida que sou
e nem da amizade
a rica aliança.
ela vem,
me mata,
me enterra,
me cobre de pó,
no túmulo dos sós,
com ossos e espinhos,
sem jasmins e sem lírios,
sem choro, sem dó.
Maria
Enviado por Maria em 12/08/2007