Rebuliço do Tempo
De fato, atravessamos a vida assim: um dia a mais, um dia a menos pra ser vivido no cordel dos anos... E ao largo do caminho ficam as comodidades e coincidências que não largamos, e que, augustos, seguramos com mãos e dentes afiados de querer. De que adianta se apegar se de tudo vamos um dia deixar? Também já tive medo de perder coisas que não tinha. Hoje me adorno da tenaz tranquilidade de não as possuir. É que de tanto olhar para o que não tinha importância, não vi que o sol desbotou sua cor do dia, surgiu o vento açoite e depois a noite acabrunhada e carregada de sonhos e possibilidades... Foi assim, fugindo da realidade, que descobri que há poucas saídas quando se está perdido e se procura uma. E nem falo dos tempos de procuras de alguma coisa que tenha se partido ou de um elo perdido que julguei existir e pensei ter ficado do outro lado do mundo que nem sei onde é... Também não digo dos caminhos que sequer sei que existem ou dos vazios do rebuliço de copos e luzes que nunca vivi, mas respigaram sua dor em mim... Hoje, no amadurecido do tempo, me entrego ao que realmente importa e sigo caminhos que me levam de fato para algum lugar... e que sejam caminhos de luz e paz para a alma cansada da eternidade de suas buscas...