Mulher Sem Perdão
Ele
Senhor de aparências,
de cinco nomes,
homem de escadas,
de várias trilhas
e amores avulsos,
vigiou seus passos,
descobriu sua vida,
desvendou sua alma,
tocou em seu espírito
e o âmago de seu ser.
Descobriu sua fragilidade,
seu ponto fraco
e deles se usou
para escravizá-la.
Chamou-a de anjo de luz,
de flor de amor,
de meiga-lua,
de mulher com nome de amor.
Tão terno e doce,
sempre preocupado
com as canseiras dela,
foi aos pouquinhos
conquistando sua alma,
seu frágil coração.
Entregava flores,
enchia de dengos,
de encantos da terra
e era tudo
o que ela sonhava
num sonho de amor.
Ela
Rendeu-se por inteiro,
sem medir fronteiras,
sem medir solidão.
Foi mulher sem honra,
mulher sem rumo,
mulher sem perdão.
Vendeu seu corpo,
sua alma e espírito,
como uma vadia,
como uma qualquer.
Como prostituta,
mulher de rua,
sem eira nem beira,
igual às mulheres
que vivem em esquinas
procurando solidão.
Ofereceu sua alma
numa bandeja de ouro
sem nem pensar,
nem pestanejar.
Mergulhou na loucura,
naufragou na moral
e deixou-se levar
pela correnteza da mentira
e do jeito maneiro de conquistar.
Ele
E levou sua alma,
a jogou no limbo
da amargura e da solidão.
Desfez-se dela
como se joga fora
um papel rasgado,
um copo quebrado,
sujo de pecado
e ainda sem perdão.
Maria
Enviado por Maria em 27/09/2007