Hoje é dia de Marias.
E sendo uma delas,
me sinto assim,
como folha seca
caída ao chão.

O dia passa tão lentamente
e nada se move.
São momentos que vivemos.

Momentos que se desfazem
em risos soltos,
ou que convergem
em lágrimas de choro contido.

Penso que a cada dia nasce
um novo ser dentro da mim.
Que se enrola em encantos
ou mergulha em negritude
de dor e melancolia.

Também não sei o que dizer
neste momento de pensar.

Mas pensar prá que,
se é tempo de andar,
e andar em reviravoltas
e redemoinhos de ventos,
como andam as nuvens ligeiras
em dias de tempestades?

O lugar de pensar não é hoje.
Amanhã com certeza é lugar.

Mas hoje é dia de mim.
De Marias como eu.
Com mil inquisições.

E por quê?

Ah, se eu soubesse,
saberia onde irão
esses passos fugidios
que qual noite sem luz,
fogem pelos corredores abertos.

Ah, se eu soubesse.
Se eu soubesse
para onde me levam
esses passos.

É só um instante...
E é nesse instante,
de fechar os olhos
e dormir a alma ainda
em criação.

É outro ser do dia
que se levanta na manhã,
como névoa de rios e montanhas.

E passa o dia.
Dia de Marias.
Dia de Marias
que colhem flores
com lágrimas de riso.

E essas mulheres são
qual botão
de uma rosa a se abrir.

Sinta o perfume!
É cheiro de dia.
De dia de Marias.

Ah,se eu soubesse
onde me leva esse dia.

Caminharia por estradas
calçadas com pedras e espinhos,
mas orvalhadas
com flores de amor.

Ah, se eu soubesse.
Se eu soubesse onde
me leva esse dia.
Esse dia de Maria.