Procuro ...
Procuro um pedaço de mim
que se perdeu no tempo do tempo,
dentro das coisas que construí,
que fiz com minhas próprias mãos,
desenhando com os dedos
na primeira página
de um livro aberto.

Onde está?
Quem recolheu do chão?
Preciso encontrar
para juntar outra vez a mim,
só assim, penso,
poderei voltar a ser feliz.

Procuro as marcas dos pés
que caminharam
pela terra da montanha
e lá ficaram,
dentro do jardim em flor,
do jardim da felicidade
que hoje é cinza e pó.

Procuro as marcas dos pés
que trilharam tantas vozes
no recanto solar.

Procuro por um pedaço de mim,
minhas pegadas,
minha história.

Foram apagadas
por minhas lágrimas?
Caladas para não mais
serem vistas, olhadas?

O que moveria esse riscar
de todo um tempo,
uma caminhada?
O ódio?

Teria ele substituído
em tão pouco tempo
o "ad-eternum"?

Teria ele tomado o lugar
do amor tantas vezes
proclamado?

Procuro...
Procuro por mim,
um pedaço
que me falta ainda.

Onde está?
Por que não o encontro mais?

- Porque uma parte de mim se foi
quando a borracha apagou
as tênues palavras escritas
na primeira página
de um livro aberto...