Maria
Prosa e Poesia
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Textos

Silêncio do Poeta

Ouço o silêncio do poeta (ou, talvez o meu),

o silêncio das estrelas, "tão longínquo e singelo"...

ao mesmo tempo tão perto, tão dentro... íntimo...

ouço-o, sinto-o... em meus pra dentro...

envolvido na imensidão de si mesmo,

de sua própria grandiosidade...

como um mote de luz que parou no espaço...

entre uma batida e outra dos ponteiros do relógio....

Me calo em suas mãos,

me absorvo no vácuo de sua leveza,

plumo asas, voo por ele...

 

Maria.

 

Lendo Poema de Neruda:  Gosto quando te calas

 

Gosto quando te calas

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

 

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

 

Pablo Neruda

 

 

Foto: Charles Carminatti

Maria
Enviado por Maria em 03/04/2022
Alterado em 03/04/2022
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