Não disfarço o céu de estrelas que me cativa,
nem receio a vida que entre elas flui
e me perpetra a alma.
Augusta, busquei com ardor
a síntese do tempo e o corpo
de um poema ancestral e inusitado.
Caminho - sempre - por ele,
mas nunca me quis num verso
alucinado de horas provisórias
e amores domesticados de dores.
Hoje sou ave partida, concebida
num jardim de mil flores, alçando voo
num abismo profundo e medieval.
Com o bico, salpico sangue
em minhas asas e faço meu revoo
num tempo que me deu identidade,
mas - calado - sinto que não é mais meu...
Poema e foto: