Ninguém pode saber a dor da noite,
nem entender o movimento
que repercute o poema.
Sobra um verso esgotado de sentimento
e a algidez de uma voz que se cala -
contemplando, entre o medo e o silêncio,
os olhos vermelhos de ira da paisagem
e a porta fechada em uma só batida -
enquanto a mão de cinzel
de um velho carpinteiro de palavras
refluiu sua imensa muralha
já - tantas e tantas vezes -
pelas mãos de uma flor, caída...
É assim que - num instante incerto -
um coração consegue compreender...
o dolorido sopro de quem, ainda, viva está,
mas cuja alma de poesia já não mais respira...
Poema e foto: