Sei que sou pequena diante os pés
que eternizam pegadas em suas andanças pelo jardim,
e das belas flores que encantam o viver
e as buscas secretas da alma poeta...
Ainda me alimento do ventar de inspirações
que exalam da primeira página de um livro
que um dia me encontrou em meio às procuras
e gritos inaudíveis por fugas da dor e solidão...
O tempo passou e me descobri como a chuva
que cai no deserto - frágil, inútil, efêmera ou irreal -.
Mora ao sul das estrelas... nos confins e lonjuras da terra
e cai - enevoada de tristezas, solitária e abandonada -
com pegadas desvanecidas nos caminhos dos tempos
tal qual poeira cósmica ou areia calcinada pela vida
que o vento sopra para longe de si sem medo de a perder.
Apagada e fugaz - calada de seus sentidos e paixões-,
não faz mais diferença alguma na imensidão
de um universo de cometas, galáxias e constelações.