Um luz tênue se debruça por sobre o abismo
deste rol de feridos e amores partidos.
Falo sobre um vento
que nos envolva em sua paz,
que seja um sol notável e distinto,
que apague a dor dos pés e dedos
que dedilham modernidades
e que faça resistência aos desacertos
que residem no suave rumorejar
dessa estrutura medieval de solidão e fugas
que se agiganta entre cartas e bilhetes
enquanto vendem comunicação
como se vendem carros e pão nas padarias
de uma cidade embrulhada em seu próprio caos.
Uma luz vem, desce o manto
sobre os olhos azulados de lágrimas
e, depois, se vai, assim, assim, de mansinho...
deixando no vão de um só abraço (sem beijos)
um silêncio profundo - como uma triste canção -
e uma noite de estrelas embaçadas,
a janela aberta e um diário de meias-palavras
escritas à luz de candeias em suporte de flandres
que aventam saudades e cortinas caiadas de escuridão...
Imagem: Pinterest