Maria
Prosa e Poesia
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Pavimentos

O que há de mais palpável

é quando não nos sentimos mais,

quando sobram só lembranças

e saudades - num mensageiro do tempo -

de um futuro que se sonhou

nas escarpas do tempo.

 

Quando a dor é tão íntima, tão perto,

tão dentro que não se consegue verbalizar -

é um sopro fugaz e trêmulo que foge pelos olhos

descendo até os lábios e se devolvendo

intenso e profundo ao corpo enquanto

o medo de um toque

ser recebido em inércia e silêncio

transforma a espera num tempo sem fim...

É assim que é como se fosse minha - a tua dor.

 

Por isso tenho medo!

 

Tenho medo dessas prisões

que nos abatem o espírito

e talvez, talvez, nos dilacerem

sem dar mais tempo

de costurar os retalhos,

de dizer tudo que se ousou sonhar...

 

Dilacera, também, saber

que os sentires versejam paixões,

e que, enquanto rodas inquieto

entre as luzes e avenidas

de princesas e rainhas 

recebendo moedas e grãos por ser rei,

eu o sei aqui, dentro em minha vida

onde sempre semeio o que mais te augusta

o paladar do coração.

 

Eu sei das suas noites de andanças

por ruas que não tem fim e, digo que,

mesmo que te falte nas manhãs o pão,

coloco flores nesse caminho

porque ele se faz a cada passo

e do teu, o pavimento é o amor.

 

Prosa e Foto: 

Maria
Enviado por Maria em 06/09/2022
Alterado em 06/09/2022
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