Maria
Prosa e Poesia
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Pétulas Que Caem
A estranheza do silêncio
deste triste amanhecer
me ronda tal qual pétulas
que caem ao sopé
das árvores desfolhadas
pelas serras da vida.

Uma a uma descem
o morro da esperança.

Não as ajunto mais.
Deixai-as lá.
São memórias das novas dores
que no círculo de ouro do jardim
se fincaram sem dó e com crueldade.

Vejo um rio - que é o próprio sol -
seguindo-as enquanto rolam ao meu redor,
como fossem e trouxessem o retorno
ao espaço do nosso tempo.

Mas não é não.

O sol está calado e não chega
para iluminar sua estrela de luz.
Então, o que resta ao triste
cheio de erros e acertos
e todo queimado jardim?
O que resta?

"Deixai o rio seguir livremente o seu curso,
carregando a felicidade em suas águas"  
como bem disse um poeta
que por este canteiro passou.
Um dia suas águas se cansam
de pelas terras alheias de criança brincar
e voltam ao oceano, as águas
azuis as quais pertencem.

Acolho o adeus que o mundo me dá.
Devolvo em amor a dor causada.
Que só este viva a perenidade dos dias
e se perpetue na eternidade.
Maria
Enviado por Maria em 08/09/2022
Alterado em 08/09/2022
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