Maria
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Um em Dois

Sempre me perguntei por onde andavas em teus silêncios, o que fazias e se eu ainda estava lá...

 

Muitas vezes, chorei no colo das rosas pensando em você, seu sofrimento, sua dor tão latente. Elas me esmagavam junto contigo. Eu me via em cada chaga, cada ferida cortante...

 

A tua solidão era a minha. A tua dor era a minha. Eu me deixava levar pela tempestade que te carregava, que te sufocava, que tentava te matar... Eu me deixava arrastar pelos terremotos que te sacudiam.

 

Eu te olhava caminhando tão só diante do mundo que você me desenhava e era como se eu estivesse me olhando num espelho. E eu tinha medo de olhar, eu tinha medo de ver o que já sabia encontrar naquela imagem. E tinha medo de falar, por isso eu me escondia atrás das palavras...

 

Eu me mentia com minhas verdades. E contava verdades com minhas mentiras. É um contraditório, eu sei. Mas eu sou esse contraditório. E talvez, talvez, por isso, eu sabia que você precisava de amor. Porque eu mesma ansiava por ele.

 

Então em meu coração eu decidi entregar amor. Mas... acho que passei dos limites. Me perdi. E não ria porque estou reconhecendo isso depois de tantos anos. Naquele tempo, eu não sabia ainda que a vida é uma corda onde o equilibrista precisa caminhar sozinho, com suas próprias pernas sem olhar para o chão, sem olhar para os lados, sem olhar para trás. Nem lá na frente, onde deseja ir ele coloca os olhos...

 

Ele olha para dentro de si.

 

Eu acho que ele em medo, eu presumo que ele deixe escapar um suspiro de cansaço no meio do caminho, talvez pense em voltar, talvez pense em se jogar, talvez pense em parar e deixar a corda arrebentar sozinha...

 

Mas, ele tem um foco, uma decisão: caminhar, caminhar sobre o fio que liga dois mundos num só...

 

Se vai chegar do outro lado nem ele, nem nós sabemos, mas ele vai... Segue sempre em frente.

 

O que importa na busca dos sonhos não é se vou algum deles um dia conquistar, mas é o meu caminhar e se eu posso caminhar tendo ao meu lado a paisagem do caminho, porque parar?

 

Não pare nunca! Siga! É isso que precisamos gritar, sussurrar, dizer...

 

Maria
Enviado por Maria em 18/09/2022
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