Não lembro que caminhei
aquele tempo de araucárias
e câmera na mão.
Não vi as manchetes do cinema
anunciando o filme da hora.
Perdi "uma janela para o céu"
pela minha pequenez.
Nunca havia observado aquelas
pessoas paradas na calçadas.
Quando dei por mim já estavam lá,
na parede do tempo de um calendário
que nunca soube existir.
Um ônibus antigo passa na rua
de preto e branco enquanto
o homem espia a mala antes de ir.
Para onde vai com seu olhar
sério e compenetrado?
Caminhar em meu espírito
alvoroçado e questionador?
Ou andar o mundo de estátuas
e jovens rapazes
sentados à beira do caminho?
Tantas famílias, pessoas,
casas e carros antigos
desfilam mormaço e reflexão.
A vida se esconde
num supermercado de louças,
enquanto o menino
de suspensório e calças curtas,
sonha um dia ser homem
em sua bicicleta de cor...