Não há porvir sem tréguas...
O sol ou se põe ou não...
se se põe se põe sem tréguas,
sem descanso,
num ato de súbito atirar
pela borda da terra.
É um suicídio diário...
Ele morre de um lado
e nasce no outro...
Quem mandou fazer
a terra com dois lados,
um pra ir e outro pra voltar?
Eu nunca sei se ele
desce o mundo
ou se ele sobe.
Nem tenho mais certeza
se é eu que giro
ao redor dele ou ele
que gira ao redor de mim...
é uma naba essa vida de ser
Sol e ser Lua ou Terra.
A gente nunca sabe
qual deles é.
Tudo misturado,
embutido...
uma coisa só dentro
dessa bola gigante
que é o mundo
que gira
vertiginosamente
de um lado ao outro
da minha garrafa
de água e amendoim.
Puro sal nas costas!
Que dor!