Eu me vejo nele.
Seu olhar enternecido pra vida,
ou eu queria ser assim...
sorrir com os olhos
para quem me mira.
Sorrir com as mãos,
saber-se ser
em sua touca de floresta,
em seu casaco de amarelinha.
Ser quem se é,
bolso colorido ou não,
botas surradas ou não...
não contar o tempo,
nem saber de sua existência
ou que seja esse tempo...
não conseguir entender
nem os ponteiros do relógio,
não olhar a folhinha
do calendário na parede
que ainda marca
agosto os dias que passaram...
nem ligar para as janelas embaçadas,
para as rachaduras na parede...
Só olhar, só admirar,
contemplar a beleza
de ser criança e homem
ao mesmo tempo,
com sua inocência,
sua pureza e viver...
cada dia como ele é,
com que é,
de coração aberto...