Seguir a vida, caminhar com ela, não tem preço.
A retirada da bagagem é livre de pedágios.
Basta ter o número da passagem em suas mãos,
a mala para guardar preciosidades,
um coração que sobrevive apesar das máquinas
e se encanta com a paisagem do caminho,
com a placidez do lago, com a mansidão
do céu de nuvens feitas para adormecer
nos braços quentinhos e amorosos do amor,
na entrega de nossos reinados,
na simplicidade de quem somos,
só caminhar junto...
ir para onde a vida nos levar...
para onde o vento que sopra quiser,
que seja numa velha e centenária
igreja de telhado novo e abóboda para o céu,
seja num cemitério onde descansa um olhar de riso,
uma rosa de amor, um homem que encontrou
seu caminho apesar da dor,
a vida não precisa de acordos ou tratos para se viver...
é só seguir a maré dos ventos,
ela sabe que não somos de pedra,
que também temos medo de a perder...
de deixá-la morrer ou a entregar
em mãos que não se possa confiar...
Ficar preso à vida não é prisão.
Caminhar com ela é viver a verdade,
ter liberdade para dar as mãos e sonhar
com uma pousada de estrelas, um coreto,
um banco para sentar e olhar a vida passar...