Ela, vestida de noite e céu de flores e estrelas,
com um manto de ouro sobre a cabeça
e as mãos alisando o corpo de fundo de poço
e ferro fundido nas águas do rio...
sentada entre as pedras e flores amarelas,
fitando sua obra, sua arte, luz na face,
sorriso e franjas de menina num corpo maduro de mulher...
olhando em seus olhos e sussurrando silêncios
nos lábios de musgos e suaves cachoeiras de amor...
Ela é como uma cachoeira que cai
por sobre os olhos de madeira e ferro.
Se esconde em meio as pedras e árvores.
É uma forma de esconder sentimentos,
de não deixar ver no fundo olhar
o que de fato se passa em sua ordem interior.
É um jeito de se guardar num relicário baú,
para que só o futuro, num presente que chegou,
possa sentir e compreender a força,
a ousadia e coragem desse amor...
Percorre caminhos de flores e rainhas,
de brisas e lumiares que buscam um céu que já chegou...
Mãos dadas com a vida percorre as casas,
abrindo janelas para a luz, acendendo chaminés de esperança
e soprando amor pelas portas entreabertas
desta vila de alamandas rosas e dançantes...
Uma pequena e miúda flor azul que encanta,
que mora em nosso jardim
e se espalha em tons e nuances de amor...
Ela é pequena, mas é uma gigante
em sua força e coragem para semear-se
em cada estação e florescer belezas em nossas manhãs.