Espio a casa e fico imaginando quem está do lado lá.
Devem existir baús maltrapilhos de felicidade
que guardam eternidades em cada vão, em cada canto.
Uma surpresa em cada janela, em cada corredor.
A cor que fala melodia, o perfume embriagador.
Seu aroma se espalha ao redor
e entra pelas frestas da porta
na noite que vem e o vento fala com a rosa
em seu silêncio de canyons profundos e belos.
Assim és: és esse cheiro que embriaga
e faz perder o rumo a ponto de ouvir
sinos e pétalas de flores sussurrando enigmas
e tecendo mapas nas pedras e tetos
das catedrais e tumbas dos antepassados.
És o carinho que, imploro, me alcance
em meus sozinhos, me toque incondicionalmente,
só por querer, por desejar, por amar.
És o colo que eu preciso no cotidiano do dia...
o beijo de todos os momentos,
o amor da entrega de dois, que são um...
no imenso tapete de vida que é o tempo
que nos é, todos os dias, dado juntos, percorrer...