Talvez um sonho de mulher envolta em água azul.
Quem sabe um caminho possível de trilhar,
sem flor espinheira, de lágrimas adormecidas
e lábios aquietados em si mesmos.
Um profundo silêncio que me toca e flutua
por sobre o tapete rosado e fofo em busca
de um túnel de luz que me aceite
em minhas fragilidades e me compreenda
como ave de asas borbulhantes
de sonhos e um plano de voo.
Hoje eu entendo minha palavra escrita
quando, no alto das montanhas com picos de neve,
sentei aos pés de um ancião iluminado
vestida com um manto laranja sobre o corpo
e nenhum cabelo na cabeça
e ele sussurrou palavras
que eu não entendia e desenhou
uma palavra escrita na palma da minha mão
que eu não conseguia entender e por isso chorei....
Também compreendo a mulher sentada no banco
a beira do precipício, ao longe as montanhas
e um céu com nuvens e a voz que chega
e me pergunta se ainda estou chorando...
Depois me pede para jogar minhas sementes na terra
e delas nasce uma flor de lótus rosa azulada.
Sou eu, raízes mergulhadas na água enlameada.
Então ele me diz: olha para as montanhas.
E eu olho e vejo um pássaro voando,
uma águia branca e forte.
Ela voa em círculos sobre o céu,
toca as nuvens com suas penas,
chega perto do Sol e nele se transforma
naquele instante único.
Então, num mergulho profundo ela voa
em minha direção e pousa as asas
sobre minhas pétalas.
Somos Flor e Pássaro.
Somos Um.
Somos nossa palavra escrita!