Conheço esse vento
de esquinas
que se diz miúdo
e solene,
valente e forte.
Já toquei suas ondas
e beijei suas águas.
Ele não é um indigente,
abandonado, sem identidade
ou rosto de ser.
Tem até sufrágios,
muito embora
não faça votos.
Ele é guerreiro
e espraia amores,
embora se queixe
que não tem mais parentes,
que todos partiram
deste mundo
sem despedidas.
Sei quem é esse catalão
que vai de cá pra lá
a procura de si mesmo
e do outro que mora
dentro dele.
Falam que ele
deixou passar a vida.
De fato, podia
ter voltado antes.
Deixou o tempo passar,
mas foi porque
ela precisava crescer,
deixar de ser vida-menina
para ser mulher-vida.
Ela foi, e ele voltou.
Nestas idas e vindas,
foi que houve
um encontro cósmico,
tamanha a beleza
das canções
que ecoavam
de seus passados.
Hoje são vento
na face e cabelos,
sussurram segredos,
mistérios que vivem,
na eternidade
do fausto das luzes.