Se somos obreiros de coisas perenes
não há por que desenhar um início e um fim,
não há que desesperar sem conhecer
o Abraço de Acalanto que tanto já entregamos
em nossas estradas e que nos ensinaram
que o amor é caminho da paz e da luz.
Também me angustio com a espera,
tenho medo de que o que aguardo
não chegue para pular em seu colo
e me aninhar em seus braços feitos.
O tempo é curto para quem ama.
Horas são minutos que correm
a velocidade da luz.
E tudo parece volátil,
escorregadio neste espaço
de tempo em que as horas entram
em rota de colisão com as ausências,
distâncias e silêncios das não respostas
que, nem sempre, conseguimos entender.
Conhecemos os textos de cor...
são tão familiares que nos encontramos lá,
num moinho espanhol que roda suas pás
ao sabor do Vento Sul.
Permeamos ansiedades e solidão
em nossa estrutura de braços
que, julgamos, inalcançáveis
ao céu de seda e cetim.
Se conseguimos administrar o medo,
se somos senhores de nossos desejos
e pensamentos mais loucos,
se somos plantonistas do amor,
dos que não tem sombra,
não precisamos brincar
com a vida e a morte.
Há possibilidades de escolher viver.
Só precisamos nos dar uma chance.
Mesmo os dias em que o sol
não acende mais nossa vida
e a lua se debrue em lástimas
pelos umbrais das portas fechadas,
sem inspirar coisas do amor,
quando nos sentimos
guerreiros derrotados,
é só se deixar tocar
por mãos de fada e amor
para tornar-se em pó
dos tropeiros de guerra.
E que todas as batalhas
sejam coroadas
com um abraço de acalanto
e um beijo de amor.