Somos como ondas que se movimentam
ao sabor dos sussurros do vento
em busca de trilhas que possam
nos levar ao alto da montanha
dos nossos sonhos.
Tanto tempo adormecida,
sem se saber abraçada
pela névoa azulada e mansa...
numa paisagem
de serenidade e acalanto,
a névoa vem para acordar
o gigante adormecido que nela vive.
É um pedacinho de céu
que desce à terra
para acarinhar de ternura
o espaço e o território
que lhe cabe de chão
para o pouso
de seus voos de procura.
É um manto de amor
que pousa sobre
as florestas e flores
umedecendo suas pétalas
para que possam sobreviver
aos tempos
de sequidão e isolamento.
É ela que dá cor e nutre
com seu próprio ser a terra
que a espera a cada manhã
na entrada do mundo.
Com seus dedos de nuvem
percorre cada reentrância,
cada trilha, cada pico de amor.
Adentra florestas
e beija o néctar das flores
que, em suas mãos neblinadas
de bálsamo branco de cura
faz com que terra,
névoa e céu sejam um,
em uma única paisagem
de um retrato do tempo
no entardecer
de sonhos e eternidade.