O fim do seu mundo é aqui,
perto das pontes e do rio que corre,
sem medo, em direção ao mar.
Segue o vento.
Plane em suas águas.
O vento te leva pra onde ele quiser.
Ele faz a onda e o voo do pássaro
que, asas abertas em pleno voo
nas ondas do vento, esquece
que carrega a vida
em seus costados
como o passarinho
leva o alimento no bico
para alimentar o mundo.
É assim que ele te leva
pra dentro da vida.
Pode ser num dia sem data,
sem calendários de bolso,
sem folhinha na parede
e sem deuses invasores
e estrangeiros
pra atrapalhar o voo.
É quando nossa espera
no portal do nada acaba
e viramos roda de criança brincar,
louça de bonecas pra gente abraçar
e redemoinhar na festa do vento...
de presença invisível,
mas de força incomensurável
remoejando belezas
na aridez
de nossos braços feridos
pelo voo sem rumo e sem prumo...