Vivo na ambivalência
destes claros e escuros da vida.
Eu me encontro aqui,
nesta ambivalência entre ser ou não ser,
entre a Maria que sou
e a que acho que
os outros querem que eu seja.
Um dia sou luz,
noutro sou tempestade
e despenco furiosa
sobre o colo que mais amor me entrega.
Tem dias, acredito que posso dizer
que também sinto raiva,
ciúmes (Meu José!!),
e sei que não preciso sentir ciúmes
porque já me disseram isso.
Sinto solidão - também
- mesmo sabendo que nunca estou só.
Tenho medo, angústia, ansiedades.
Sou profundamente humana...
sal e mel, vinagre e...
não sei o contraste,
sou flor e espinho,
sou nuvem de sol...
Algodão e lava incandescente,
fogaréu.
Sou duas em uma,
tudo embutido em mim e em ti.
Sou unidade e multidão...
por isso, falo tantas línguas
sem nem uma palavra expressar...
por isso, preciso ser guiada...
e me ver no espelho
vestida em minha nudez,
nua em minha pele de mulher,
misteriosa e... (e que boba sou)
totalmente previsível...
acho que a mais previsível
das mulheres que você já viu...
Mas hoje eu me conheço.
Sei que sou. Saber-se ser,
amar-se como se é
conquistar a si mesma...
sem chorar...
Hoje o dia foi difícil.
Difícil eu ser compreendida.
Mas eu consigo compreender.
Sou tão simples,
mas tão complexa também...
imagino como deve ser difícil me entender
na complexidade da minha simplicidade
e na simplicidade da minha complexidade.
Mas sei que você me entende...
Até sem palavras...