Maria
Prosa e Poesia
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Cria dor de Rotina
As coisas nunca são iguais, mesmo que não sejam diferentes.
Um dia não é como outro e o tempo de ontem
não é o de hoje, nem será o de amanhã.

O ontem foi ontem e o que viveu não vive mais,
mas o que virá, virá e o que é, é.

Acostume-se com os arroubos do tempo
e da história que ninguém entende.
Também me pergunto por que os entendidos
não entendem mais e porque os que não entendem
são tão entendidos em tudo.

Nada está ficando igual.
Nunca vivemos tão indiferentes.
Indiferentes demais.

Se as coisas rodopiam pela mesma ruela,
já estamos acostumados
e não há do que se queixar ou reclamar,
já sabemos que a roda gira assim e não ao contrário.
Tudo é uma questão de ponto de vista e vista não há mais.
Só prédios em desalinho fazendo
do tudo igual algo bem diferente. Um caos.

O que é impassível não é impossível de mudar.
Os veículos mudaram, parecia impossível,
mas deixaram de ser santos.
Agora são demônios disfarçados,
fantasiados de batom delas e de tinta floral
nas roupas que as abraçaram.

As línguas não mudaram, o que mudou
foi o entendimento ou o fato de que deixaram de falar.
O silêncio sempre foi igual.
Nunca se calou.
Vai e volta e ele sempre é o mesmo,
mas não é igual, nem diferente.

É. A Idade Média morreu. Não volta mais.
Já a idade não muda.
Cada ano aumenta um ou perde outro.
Não dá para escolher.
Os dois tempos estão corretos, estão certos.
É a matemática da vida.
Tira um, coloca outro e tem-se a média do tempo.

Absurdo!
Genial!
Quem inventou
já morreu e vivo está.

O diferente acha que ganha por ser diferente da gente,
mas o que ganha mesmo é quem é diferente do outro, é em si mesmo.
É óbvio que os dias passam, mas o que dia que chega
não é o mesmo que passou.
Isso você já sabe, que as coisas são diferentes
se pensa que é tudo igual.
Por isso a rotina não é rotina.
É mudança. É criação da inversão.

Se se cria rotina ela deixa de ser rotineira.
Amores também não são iguais.
Podem mudar. Ou ser diferentes sendo igual.
Quem pode falar? Repetem traições?
Não são iguais. São diferentes.
Não há como uma ser igual a outra.
Elas são diferentes.
O parecido é diferente, não é igual.
Ele só se parece igual.

A gente não é diferente porque mudou de roupa.
É igual. Só mudou a roupagem.
Mas, quando deixamos de ser,
de fato não somos mais.

Nisso tudo, nesta igualdade desigual
eu também não quero prantos frugais em meu coração.
Quero o fruto da eternidade e que nada seja rotina,
tudo surpreenda, mesmo se rotina for.
Tempestades não são rotineiras,
mas tornam-se rotina na vida dos rotineiros.
Não há ajuda por piedade, mas há piedade
que é ajuda e isto não é nada parecido com o igual ou diferente.
Diferente é esta linha, igual a linha da rotina dos iguais.
Maria
Enviado por Maria em 12/10/2022
Alterado em 12/10/2022
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