Quando olhamos
a neblina sobre a floresta
não percebemos a forma das árvores,
a beleza dos lagos.
De onde olhamos
parece tudo embaçado
e sem sentido.
É como uma montanha
abraçada pela névoa.
Só conseguimos ver
o pico mais alto de seus montes
e o que ela quer de fato que vejamos.
Então, se o silêncio não cala,
se não conseguimos ver as estrelas
ou temos medo de caminhar trilhas
que nunca pisamos, se só sussurramos
e não nos fazemos entender,
talvez, talvez, devêssemos desenhar
nossos sonhos e desejos na parede,
como faziam nossos antepassados.
Glorificar o amor é compreender as estrelas
e do que são feitas, saber que a neblina
pode ocultar uma floresta,
mas não a esconder para sempre.
Há beleza por detrás da casca,
há alimento nos frutos que caem ao chão,
também tem beleza na tristeza que não é dor,
mas é saudade de alguém
que gostaríamos estar perto.
O sentido da vida você já sabe.
Senti-la, também.
Ser sentido
já foste encontrado.
És. O que te falta?
Fragmentos do que já foi?
Do que será?
O amor é glorificado no amar.
Despir-se da neblina
e andar pela floresta,
dançar com a vida na noite que é.