Prefiro ser um navio embriagado pela tormenta,
esperando num cais sua viagem
por mares e estrelas do que morrer
numa poça de água insossa e sem sabor.
Não há como ser dono de outro,
apenas dono de si mesmo.
Ser homem sem dono
nos dá a liberdade
de se ser quem se é.
Junto com outro ou sozinho.
Se não é sozinho a vida vai junto.
Se devagar ou depressa, que importa?
Importa andar.
Sou eu. É você.
Andamos devagar porque
a pressa nos atropelou
tantas vezes no meio do caminho.
Não ligue para o desdém
ou a conversa fora que fazem por aí.
Não leva a nada.
Um rei com rainha fugida,
continua sendo rei.
Não perde a majestade e ponto final.
Os que falam não sabem
que só se foge do que nos impressiona,
assusta num primeiro momento,
mas que é o que somos,
o que queremos ser.
Nos reconhecemos nele e temos medo.
Mas o medo passa como a água do rio passou.
E a rainha continua sendo rainha de seu rei.
Se longe ou perto, se cá ou lá...
Seu reinado está onde o rei e a rainha estão.
Nos territórios da alma que os que falam mal
ainda não conhecem, não sabem onde é.
Que preciosidade (um tesouro) ter uma janela para ver a vida,
uma escada para subir para onde quisermos
e um álbum do tempo.
Se mal ou bem escreve, escreve.
E quando escrevemos o nome de alguém
no nosso álbum do tempo,
alguém nunca será esquecido.
Fica para sempre tatuado nas sendas,
nas páginas de um livro
que só quem tem pode abrir.
E isso é o que de fato importa.
Quem tem um álbum do tempo
tem em si mesmo o dom de escolher
em que tempo e com quem andar.
Também pode decidir onde pairar
para escrever a vida.
É um presente.
Que mais precisamos para viver?
10 ou mil notas de vinténs?
Pra comprar felicidades?
Ela não se vende.
Ela vem com a bondade
e a festa da vida que nos carrega,
embriagados de ternuras,
em suas mãos de luz.
Queria essas lascas
de nunca mais que a vida dá.
O nunca mais se agarrou na sua vida
onde tem ouro de mulher
que é coisa de não se perder
nem com colher de mel.