Há reciprocidade no olhar,
há abandono em suas mãos,
há a busca de seu carinho,
seu aconchego,
mas também do seu amor
e das profunidades
que ela a si mesma se entrega.
Não há réguas que possam medir
o espaço entre a superfície e o fundo,
que possa auditar os gestos
que de leve só tem a palha,
que arde saudades e vontades...
Há reciprocidade na fala da manhã,
e por favor, daqui não passe mais.
Desvele e desvende meus mistérios
que eu me faço cela para te prender
no lago azul que resplandece
suas margens orvalhadas
entre as folhagens
num tempo que já é eternidade
de mais de cem anos.
Também não sei contar o tempo,
não uso relógio nos dedos
e se carrego uma bússola de mão
para me guiar é porque
o sol entendeu meus sonhos
de poder olhar nela
o caminho para sua eternidade.