Minhas ânsias tocam o seu telhado
e envolvem tuas paredes
para que não percebas mais
a diferença entre o céu ou e a terra.
Você pode tocar o sol com a mão,
navegar em seu corpo de arco-íris,
mas teus pés continuam na terra.
É onde caminharam
os espíritos do passado
que nos rejuvenescem,
que nos fazem natal todos os dias.
Guardo tua esperança
em meu corpo de milagres,
uno ao teu, para que,
como espelhos de nossas cores
possamos caminhar
esbanjando luzes
enfeitadas de mil nuances coloridas
de uma ponta a outra do céu e da terra.
Estar junto no espaço entre o céu e a terra
sempre foram momentos especiais.
De intensa emoção
que não há palavras que expliquem.
Não vejo que estes momentos
que se perderam entre
o estar chegando e o nunca vir.
O nunca sempre estava lá...
sempre, veio...
e o estar chegando
sempre, chegou...
Também desaguo meu espírito
atachado de ânsias
no espaço entre o céu e a terra
onde o sol e a lua se encontram...
A lua não tem horas para marcar
para este encontro de luzes,
que seja ao meio-dia da vida,
no entardecer, na noite,
nas manhãs que se levantam cedo.
Por isso, eles se encontram
sem marcar horas,
sem marcar minutos,
no telhado do mundo,
no sótão da casa,
intrínsecos
às árvores da floresta
ou às tâmaras e pinheiros.
O lugar não importa.
Que seja num mundo romano
ou outro céu que o sol navegue.
Também fico
ao largo de duas paredes.
É só abrir o portão de lata do mundo
que a lua navega pelo céu,
entra pela porta
que se abre pra entrar
e se fecha pra saír,
em busca de virar sol.
Pode ser hoje ou ontem.
Hoje é o ontem da vida...
É onde morre nossa solidão
e a saudade é, hoje, sonhar
com o encontro de luzes
quando a gente deixa de ser paredes
para se tornar campo de flores
e dormir com estrelas.
E que este
arco-íris
seja
entre
a dor
do pó
e da argura
areia.