Sou água azul.
Um oceano
de produndezas
onde viso o peixe
e adormeço
meu sonho de mulher
em seu acalanto.
Também sou sóbria
quando consigo.
Sei que não passas.
E que és festa
e amas ao meu lado
por entre as folhas
e sabores das tâmaras.
Eu sei. És meu.
Também sou sua, você sabe.
Sim, já sei que és parte do meu recosto
que te abriga da tempestade.
Chego como água aos teus pés de sol,
toco em tuas paredes, invado tua sala
- mas não precisa correr,
não tenha medo de se afogar em mim -.
Sou hora em tuas mãos.
E agora é a vez da hora.
Só esperar, calmo e acomodado
em minhas ondas,
o furor das águas amainarem
para adormecer o infinito
nesta hora do tempo.
É a vez da hora de ficar.
Por isso, te abrigo
em meus braços
e me uno a você.
Sou tua paz,
não a paz das esquinas,
mas a paz que nos faz um.
A paz que faz
de nós dois
um pássaro
que voa alturas
inimagináveis
que nem os que
se acham deuses -
donos dos destinos
e que quiseram nos separar -
sequer quiseram que fossemos,
agora, ou nós para sempre...