Muitas vezes,
o que mais desejamos
está perto de nós.
Basta estender a mão
ou atravessar a porta
que está aberta.
No entanto, preferimos
(total preferência) não o fazer.
Então... continua-se... vivendo
no tempo da total preferência...
sem preferir...
ou preferir demais
o som de um canto
que não é o canto
dessa bendita mulher
apinhada de vestidos de reza.
Mas quem é ela?
Que preferiu viver
no caminho dos tortos?
Alguém a ouve
num meio dia da vida?
Alguém a vê
do outro lado da vidraça?
Há janelas para o céu...
Mas estão fechadas.
Não as vejo,
mas sei de longa data.
Por isso, estou aqui.
Vim perto e cheguei rápido
para ver o que?
Exato: o vago, disperso...
um gigante adormecido
embalado por um canto
estranho e agitado.
Talvez eu seja
a lua de papel,
penso que sou eu...
caminho sozinha
do lado de cá
do meu mundo,
mas o estar só não existe
como me disse o Poeta.
Mas... há uma parede
entre eu e o sol.
Feita de muralhas que,
se não são inquebráveis,
conseguem sustentar
dois mundos num só,
assim, separados por uma linha,
uma única e tênue linha...
que está em suas mãos...
Sou lua de papel
e ajudo a carregar
vivos e mortos
pelas esquinas dos loucos.
Estou viva, e se viva estou,
você também está.
Por isso, sou também
caminho dos tortos,
porque sou você
e você sou eu.
Então, se te perguntam
o que fazer com a danada da solidão,
responda: eu sei, já descobri...
Porque, se perguntam,
é porque sabem
que já encontraste a resposta...
A resposta sou eu.