Maria
Prosa e Poesia
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Textos

Fico com os assombros do dia.

Com a vida sem reflexos,

sons apagados,

cristais quebrados, foscos,

sem pássaros ou flores

que o Poeta entregou

na manhã que já passou.

 

O canto dos dias,

foram apenas dois.

Não haverão outros.

Já estão no passado.

 

Enquanto cantas os pássaros,

eu canto para um pássaro.

E não quero mais olhar a paisagem.

Nem registrá-la em quadros do dia.

Sou eu o homem embrigado...

Que é faina (trabalho), chama-se assim.

 

Hoje me descobri, mais uma vez,

na inocência de uma menina.

Que acredita num céu e num mundo

que moram em seus sonhos.

 

Mas, também descobri que

não sou mais uma estrela.

Agora sou um quadrado

de quatro pontas.

Uma delas não sou eu.

 

Quando cheguei eu vi

as cores cruzadas sobre a mesa -

e mesmo assim, fiquei.

Porque não tenho medo

e não sei mais fugir de mim mesma.

 

Então... poderia

ter silenciado.

Não precisava me dizer

que seu canto

é a um outro pedaço

de si mesmo.

 

Por isso, fico

com os assombros do dia.

Onde meu canto é seu canto,

minha voz é a sua,

meu desejo é você.

 

Aqui, não há encruzilhadas

armadas por deuses não patrióticos.

Nem remendos ou adeuses soltos ao vento.

 

Aqui as histórias mais simples

são tão complexas

que chegam assombrar,

impressionar

pela sua intensidade

e magnitude.

O impacto disso,

só o tempo dirá...

 

Não há dor sem fim.

Mesmo a aridez quase desértica,

mesmo descobrindo-se a morte dentro da vida,

no amor, não há morte sem fim.

Maria
Enviado por Maria em 24/10/2022
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