As coisas mais simples são as mais complicadas.
As portas se abrem, mas nem sempre estão sincronizadas,
principalmente se não há hora marcada.
Por isso, podem surgir desencontros.
Entender isso é entender os dois passos da vida.
Portais que se abrem, na verdade,
já se abriram no instante anterior,
quando os donos das chaves
e cadeados fizeram suas escolhas.
Nós somos guardiões do tempo e caminhamos,
chaves na mão, pela escuridão da noite ou silêncio do dia
abrindo e fechando portas porque ainda não entendemos
que quem precisa entrar já está lá dentro
e quem precisa sair já não está mais lá.
Se são dois, são dois.
E dois portais podem se ver
e até saber que quando um fecha e outro abre
é porque há comunicação,
há visibilidade, há possibilidades.
Abrir um portal da distância é lutar
para diminuí-la para que deixe de existir.
Abrir um portal de muralha de pedras
é permitir que a distância
se concentre num só espaço
e ali, no mesmo espaço, distância não há.
Já pensou que portais assim
podem estar no mesmo palácio?
De frente um para o outro?
Sabe Poeta?
Construa pórticos de amor
e os jogue ao vento...
um dia... ela e mundo te dirão que
luz, paz e amor atravessam distâncias,
pulam muralhas.
Como me disse
um velho carpinteiro
de palavras:
quem ama
jamais teme muralhas.
Eu amo!
Não temo muralhas.
Eu também não.
Fica bem.
Se cuida.
Beijo.
Da Maria.