Quando escrevo uma carta eu me desenho nela,
busco tinta, instrumentos que possam cinzelar
cada pedaço do papel com minhas digitais.
E vou desenhando você...
É assim, usando um cinzel
que rasgo a textura do papel para formar você...
depois, meiga e serenamente
eu vou jogando as cores com meu pincel de amor...
Começo pelos teus dedos do pé, subo por tuas pernas...
e vou passando o pincel por cada pedacinho de tuas terras,
assim, assim, bem de mansinho, como uma pluma
que suavemente desliza nas ondas do vento.
Dou a volta e sigo por tuas costas,
teus braços feitos e escrevo, desenho, escrevo...
cada palavra um encanto, cada palavra uma flor,
cada linha uma prece... uma prece de amor...
Uma súplica para me deixar jogar a tinta em todo você...
não com o pincel, mas com minhas mãos de artista...
percorrer cada pedacinho moldando a tinta em ti,
moldando minhas mãos em ti, subindo tuas terras,
perambulando pela montanha, pela floresta,
adentrando as grutas mais desconhecidas para mim de teu corpo...
para moldar e imprimir em ti... meu amor... minha paixão...
e você ficar em mim, até o infinito adormecer em teus braços...
se você quiser amor... se você deixar... pedir...
implorar com teu olhar amor...
quando escrevo uma carta... de encantos, amor...
eu me desenho em ti...