Enquanto eu chorava ontem,
você cantava pra ela
que o seu brado de amor
onde o belo se mistura
com o sonho
que você tem e almeja.
Agora entendo sua fala:
"já me misturei",
"improvisando o feliz".
É minha a angústia de amor,
pois sou a flor colhida e desprezada.
E não é consolo estar sempre viva
entre você e ela.
Queria estar viva em nós.
Mas... somos nós
que fazemos nossas escolhas.
Você escolheu partir.
Seguir outros pássaros
e colher seu amor.
Reconhecer neles a si mesmo,
encontrar neles os teus achados,
o teu interior e neste intenso encontro
fazer dele tua eterna procura e encontro.
Essas palavras são suas.
Escritas por um velho carpinteiro de palavras,
meigo e sentimental para uma flor que não sou eu.
Entendi as três aves de ontem.
Entendi o que você fez,
o seu choro, a sua dor.
Porque a minha angústia,
o meu choro também é o teu.
Você chora as minhas lágrimas,
a minha dor.
A minha dor da perda.
A dor de você se perder de mim
e se encontrar em outra flor.
Essa dor em mim, digo, nunca vai calar.
Eu? Sigo te amando.
Eu não existo sem você.
Não há vida para além de teu amor
e eu prefiro morrer
a ver você dormindo em outro colo,
acariciando outras mãos
e rebuliçando em outro rosto,
procurando em outras flores
o amor que lhe entrego todos dos dias.
Sem você, a dor vai me matar.
Você é o meu mundo,
você é a minha alegria,
a minha felicidade,
o meu calor,
minha água e alimento.
Você é o meu tudo.
É a luz da minha vida,
o meu amor...
Eu te amo, tanto, tanto:
eu também te amo.