"Eu te amo" não significa nada.
Não existem palavras que possam lhe conceder significado.
Talvez o espelho da paixão que arde junto possa falar.
Que acende você e me faz te querer em mim... agora!
Eu engatinhando em ti, minhas mãos em tua floresta,
chama acesa, fogueira pirotécnica...
Eu vou hoje... antes das nove horas dessa noite que é nossa.
Se eu me atrasar me espera para cantar...
em dó maior... lá... sol.. mi.. fá... sustenido, metonomínia.
Vou estar de onde possa olhar em teus olhos,
enquanto lhe digo... que nota tocar.. em que tecla encostar...
que som mais gosto de, em ti, dançar...
Gosto de ser guerreira, arqueira com arco e flecha na mão...
Então, toque nas alças do vestido...
enrole-as entre teus dedos...
depois alise a fazenda até os joelhos...
passe o ferro quente... e faça dobras e plissados,
coze a barra, pregue os botões...
coloque a mão nos fios de linha desfiados
e mergulhe na casinha do botão...
percorra cada pedaço de tecido com tua boca...
para molhar a linha do Dedo de Agulha e seja Sol, em mim...
tua Lua de cabelo de fogo e prata...
vem, queima o vestido e veste o corpo
para que o manequim não fique nú...
veste minha roupa,
ninguém veste...
a roupa em mim...
Te quero viciado em minhas palavras,
implorando por meu canto,
gemendo em minha poesia..
como um mendigo pedinte de mais uma nota...
mais uma moeda a deslizar em tua camisa...
mais de mim, perambulando em teus olhos,
entrando em tua boca...
sozinho em queda livre...