Depois da Crise

Sempre é tempo de recomeçar.

A própria palavra traz

em sua gênese esse sentido: crise.

E após uma crise - não importando sua causa

- sempre podemos recomeçar.

Fazer do mesmo jeito - se achamos que deu certo,

mesmo o vento do temporal desmoronando tudo.

Fazer diferente - mesmo que ainda não saibamos como.

Só acreditar que é possível já muda

a direção de nossa bússola de mão.

Eu ando com ela todos os dias.

Ela sempre aponta o meu Norte,

mas quem dá a direção é o Sol

que me carrega em sua maleta amarela

em seus costados -

pra lá, pra cá, pra lá, pra cá.

Sempre junto, sempre perto,

abraçada nele

com meus braços de amor e luz.

Um girassol com outro em seu corpo.

Na maioria das vezes o jeito de seguir adiante

ou de continuar é mesmo que a tempestade faz:

destruindo o que estava erguido até ali

com materiais frágeis ou que não traziam

segurança à obra a ser construída.

Por isso, corta-se aqui, ali, serram-se árvores -

que são nossas dores, serradas pela vida

para que delas possamos nos libertar.

Talvez seja nisso que esteja a leveza da vida.

E talvez é isso que nos faz ver

que, quando não conseguimos mais caminhar

com nossas próprias pernas,

alguém que nos ama nos pega pela mão

e nos coloca em suas costas...

e carrega o nosso peso por nós...

o peso das perdas...

o peso de uma lágrima de gratidão

que desce da face cada vez

que se percebe sendo carregada

por sua mão de amor...

E que, não está pedindo que eu faça o mesmo,

porque eu nem teria forças para isso, e ele sabe.

Só pede que eu permaneça ali, junto,

que não me desamarre, que me saiba protegida,

cuidada, amada, adorada.

Eu tenho de aprender tudo isso.

Tenho de lembrar.

Colocar na lista de minhas tarefas diárias:

maria, alguém se importa com você.

O sol lhe ama, o deus lhe ama,

o poeta lhe ama, teu amor te ama...

incondicionalmente.

E não vai deixar de amar

porque você se distrai,

porque se perde em pensamentos,

porque tropeça em tudo que é raiz,

porque resvala em todos os chãos,

porque cai diante de seus pés

sem nem saber por que...

porque rola escadas,

se afoga na piscina, na fumaça,

porque não sabe o que fazer

quando sente sua paixão ardente,

porque não sabe o que dizer.

Diga apenas que o ama.

Ele sabe. Mas precisa

sempre, de você ouvir...

Eu te amo, tanto, tanto:

eu também te amo meu amor.