Corri qual garça desvairada
pelas caieiras de pó
que cobrem de piche
o manto da terra.
Vim zoada e com medo
de chegar atrasada
para o alvorecer do sol.
Surpresa, cheguei.
Ele não estava nascendo.
Estava aqui, eu sabia,
mas onde eu não podia vê-lo.
Percebia a sua luz.
Ave que sou, me aninhei
e me armei de esperas.
Nada.
Quando decidi me ir,
eis que pela porta
de cristal nos vemos.
Eu a abri, ele voou.
Agarrei suas asas
e em seu ombro consegui,
um beijo de lua, pousar...