Maria
Prosa e Poesia
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Partida Sem Volta
Num plano de voo, partir é a chegada
a algum lugar onde se quer estar.
A premência e a urgência da viagem
já são de longa data.
Depois dessa partida em direção
ao que se ânsia não há mais volta.
Só há idas e eternidades que dois pares,
que agora são um, vão, com o tempo, situar...

A partida para onde se quer estar
tem coreto azul e uma pracinha em frente
a uma pousada de estrelas.
As janelas azuis latejam o amor flamejante
que, nessa viagem sem volta para fora de si,
não se quer mais deixar, partir.

A Páscoa é a morte
das saudades do Natal.

É na véspera do Natal,
a viagem que dois fazem sozinhos.
Nesta véspera, bolinam núpcias
e o que era um,
em zero se transforma.

Forma um círculo de fogo e ouro
para selar a felicidade e nunca,
jamais esquecer, que duas asas são
de um mesmo anjo,
nascido para sozinho
em voejos de amor viver...

Nunca houve separação desses dois
nas ondas do tempo passado,
só silêncios em que a saudade vigorou
e as ânsias efervescentes nunca se calaram.

Mas os sós também amam.
Por isso, dois dias
antes do Natal,
ela partiu, se foi.
E se ela se foi, se foi.
Ir, é parte do voo,
onde o revoo a espera
com um abraço embriagado
que mescla a vida a si e a leva,
num voo lúcido, coerente,
alegre, feliz, musical,
num caminho de pedras
para pousar na solução encontrada.

Por isso, não reclame da vida,
nem da ida ou por se perder
na louca e efêmera solidão
de dois juntos e um separado,
esperando o outro chegar.

Seja como dois juncos de espinhos,
um para ferir, outro para doer
e a cura, o bálsamo
puro de arder... encontrar...

E que seja uma viagem sem volta
aos nossos corpos ansiosos
e sedentos pra amar...

Me espere chegar:
eu espero,
com flores na mão
e meu abraço
de cheiro e calor,
a hora de você chegar.

Maria
Enviado por Maria em 29/10/2022
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