Também sinto saudades loucas
do coração na espuma da xícara,
que, em todos esses anos sempre me disse
de seu amor e nunca percebi.
Me sentia querida, amada, mas nem entendia porque.
Só me achava especial e dizia:
que todos gostavam de mim
porque em muitos lugares os corações estavam,
assim como o homem que me disse no Sertão:
você é um ser de luz.
Ele mandou uma mensagem para você:
que cuida de ti e tudo vai dar certo.
Não se preocupe com as moças...
elas vão ficar bem.
Hoje vejo você ali, no passeio na barragem,
preparando o meu pão
de fécula de mandioca com tuas próprias mãos,
o ovo frito e o meu café da manhã.
Te vejo nas mãos que buscavam todo dia meu almoço,
nos ouvidos que sentavam no banquinho
do balcão da cozinha após meu trabalho,
só pra me ouvir contar o que tinha vivido
e me orientar ou me elogiar, me dar forças,
me falar que talvez devesse fazer diferente.
Nos estudantes que correram pra me dizer
que o caminho escuro era perigoso para andar
quase na virada daquele dia para o outro.
Te vejo na biblioteca aguardando minha chegada,
me desejando uma boa tarde,
as viagens e na noite, no meio do nada,
olhando as estrelas do céu, o universo de luzes...
eu trouxe até, teus chinelos de caminhar,
aqueles que você usou para estar comigo em todo lugar...
Eu te amo:
eu também te amo,
e de ti vou sempre
amar e cuidar.