Queria ser essa névoa densa e profunda
que abraça a montanha na manhã enevoada
e nublada de pequeninas nuvens esbranquiçadas
que ainda não se vê, mas anunciam o sol
se movendo atrás delas, para além da visão
de quem olha de longe, mas perto está.
Um céu de amor borda a montanha
e a névoa que a abraça e, ao longe,
mas junto, brilham pequenas asas
de uma borboleta dourada
que vai tingindo o céu
formando do quadro todo
um arco-íris de cores vibrantes e calmas.
A noite ainda guarda resquícios
sobre o telhado das casas.
Ali não há sol, nem luz.
É um mundo que dorme sem ver
o que o Sol e a Lua tracejam
em madrugadas onde a saudade
acorda e não dá trégua.
Para amainar, sem conseguir,
essa dor, o coração fala
por meio das mesmas palavras de ontem,
mas, em contemplação e silêncio
renova o amor e a paixão
que também não cala sua voz
e, infinita, traz novas cores e felicidades
que até o vento que agita as cortinas
ecoa na parede que me abraça nesta manhã
em que a saudade sufoca, aperta,
mas sabe que nunca estamos longe
porque o amor não mede distâncias,
o amor suplanta canais e pontes
e corre montanhas
para entregar aos passarinhos
cordéis de amor e manjares
tecidos à quatro mãos
no leito de sonhos,
nas madrugadas de dois
que, mesmo o mundo material explodindo,
vão sempre, sozinhos, juntos ficar.
Te amo tanto, tanto:
eu também te amo!