Maria
Prosa e Poesia
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Textos

Festa do Interior

A noite promete.

Anuncia a festa do interior,

com fartos comensais

lá no caminho dos Pinherais.

Não sei onde é e nem recebi convite,

por isso não fui.

 

Mas tentei.

Até procurei.

Andei por aí e me perdi,

sozinha, com frio, medo e fome

numa rua sem saída.

Se seguisse por ela

me afogaria num rio.

Em pé, mala ao lado,

sonho na mão,

pedi ajuda

e me levaram pra casa.

 

Mas também foi solitária a noite lá.

Aguardava um eletrecista para me ajudar

com um fio que

pegava fogo, incendiou

e ele não veio.

 

Até chamei, sabe

o que respondeu?

Não entendo de letrecidade.

Chame outro letrecista.

 

Eu, na verdade, só queria

ouvir a voz dele.

Esse letrecista,

ah, esse letrecista,

vai ver só a poda que vou lhe dar

quando eu o encontrar.

Onde já se viu

abandonar sozinha

uma flor dentro de vaso seco,

com água só pra sobreviver,

e que está pegando fogo

num incêndio daqueles?

 

E, por onde andava o sol?

Na festa do interior.

Lá onde amores

se confundem com passas.

Onde cada um levou uma canção

e outros levaram

cifões de vinho pra embriagar.

 

Foi sozinho, com duas

mochilas de pano avessa.

Parece eu, perdida na estrada,

do outro lado da rua,

com uma mala

e uma bolsa de mão.

 

Bem assim.

 

E a gente se arrepende

do que não fez

e se remoe pelo

que poderia ter feito.

 

É sempre assim:

amor sem fim.

Com dois lados pra contar:

1) o primeiro sempre acaba;

o 2) se acaba, numa dança sem-fim,

um rodando em volta do outro.

assim, assim, com vários afins

e sem rumo e destino próprio.

 

Simples assim.

O próximo Fim

é... em Mim.

Maria
Enviado por Maria em 02/11/2022
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