A noite promete.
Anuncia a festa do interior,
com fartos comensais
lá no caminho dos Pinherais.
Não sei onde é e nem recebi convite,
por isso não fui.
Mas tentei.
Até procurei.
Andei por aí e me perdi,
sozinha, com frio, medo e fome
numa rua sem saída.
Se seguisse por ela
me afogaria num rio.
Em pé, mala ao lado,
sonho na mão,
pedi ajuda
e me levaram pra casa.
Mas também foi solitária a noite lá.
Aguardava um eletrecista para me ajudar
com um fio que
pegava fogo, incendiou
e ele não veio.
Até chamei, sabe
o que respondeu?
Não entendo de letrecidade.
Chame outro letrecista.
Eu, na verdade, só queria
ouvir a voz dele.
Esse letrecista,
ah, esse letrecista,
vai ver só a poda que vou lhe dar
quando eu o encontrar.
Onde já se viu
abandonar sozinha
uma flor dentro de vaso seco,
com água só pra sobreviver,
e que está pegando fogo
num incêndio daqueles?
E, por onde andava o sol?
Na festa do interior.
Lá onde amores
se confundem com passas.
Onde cada um levou uma canção
e outros levaram
cifões de vinho pra embriagar.
Foi sozinho, com duas
mochilas de pano avessa.
Parece eu, perdida na estrada,
do outro lado da rua,
com uma mala
e uma bolsa de mão.
Bem assim.
E a gente se arrepende
do que não fez
e se remoe pelo
que poderia ter feito.
É sempre assim:
amor sem fim.
Com dois lados pra contar:
1) o primeiro sempre acaba;
o 2) se acaba, numa dança sem-fim,
um rodando em volta do outro.
assim, assim, com vários afins
e sem rumo e destino próprio.
Simples assim.
O próximo Fim
é... em Mim.