É contra o vento que os voos atingem maiores alturas.
Também é lá, nas correntes quentes
que é possível ao pássaro planar
e tecer mundos, planetas no fundo céu.
Pássaros de alturas só viajam nas utopias do infinito,
na busca de felicidades que não se acham no raso voo,
na superfície ou onde não se possa bater asas se precisar,
ou mansa e serenamente, na paz das alturas
e píncaros das montanhas, flutuar.
Asas abertas ao voo de alturas
ou mesmo sobre abismos e montanhas
traçam caminhos que muitos não voam
(ou por não se saberem com asas,
ou por medo de as abrir e alçar o céu a voar),
ou, que fazem a escolha de só olhar outras aves,
sentir pelos olhos o seu planar.
Somos pássaros que utopiam infinitos,
voamos contra o vento no bater
de nossas asas e no nosso planar.
E se o tempo tremular o voo,
sabemos ler nossos mapas escritos
nas páginas dos cadernos do tempo
ou nos pergaminhos das estrelas,
e temos o saber, o conhecimento intrínseco de aves
que já viveram, voaram e planaram milhões e milhões
de galáxias e universos de luzes.
Sabemos, na descoberta
dolorida da vida,
dos sentidos e do amor,
que é no silêncio de duas asas,
que um pássaro só se alimenta,
e um novo voo,
na felicidade flutuante
e infinita, consigo mesmo, inicia...