E se eu te dissesse que minha viagem até você
é onda que não se acaba,
é mar arrepiado e insano
se jogando contra as rochas
na busca de mais e mais matar a sede de terra,
de flores, de areias quentes e efervescentes.
E se eu te contasse que minha viagem até você
iniciou em nossa primeira troca de olhares,
no primeiro calor de agito da alma,
no primeiro silêncio entre dois corações
no universo primitivo na galáxia de S0647JD,
uma das galáxias mais distantes da terra,
há mais de 13 bilhões de anos-luz de nosso planeta,
nos primórdios do cosmos.
E se eu contasse que minha viagem até você
iniciou na lente gravitacional produzida
por duas galáxias que se fundiram numa só,
num flamejar alucinante de um amor ilícito,
num toque e afogos entre almas,
e hoje podem ser observadas,
em toda sua nudez de luzes,
por todas as estrelas
e por todos os telescópios do mundo.
E se eu revelasse que minha viagem até você
inicia na pele daquele querer,
daquele desejo intenso de ser seu...
seu amor, sua amiga, sua mulher,
sua menina, sua loba
e que esse querer, esse desejo,
me leva até você agora
em pensamentos cabulosos
que dançam nos travesseiros e lençóis
nas madrugadas de eclipses
entre o Sol e a Lua...