No tempo da vez,
no caminhar por entre as galáxias
e nebulosas do universo,
sou sempre o contrário
e avesso de mim mesma.
Alterna-se a ordem,
mas não a essência.
Sou o princípio
e o fim, e assim
que algo se inicia
também finaliza
e sigo para
um novo minuto,
uma nova melodia.
Então há sempre
um ponto de partida
e um de chegada
no mesmo espaço do tempo.
E disso não há,
como de todo perder.
É assim que sou,
homem e mulher,
ao mesmo tempo.
Sou costas e perfil,
a máquina que gira o tambor
que ressoa da continuidade do vibrar
de meu eixo da mola da vida.
Sou o sabor da fruta
e a fruta que dá sabor ao palato,
que dá sabor aos meus pra dentro
e me engala de ânsias e procuras
pelo prazer desse degustar
que se materializa na mutualidade
e partilha do todo que sou em mim.
Sou o conflito que acalma
no repouso de teus braços feitos
e ao mesmo tempo me aflita
de quereres e desejos insaciáveis
e prenhe de novas batalhas.
Sou o nada que é tudo,
tão intenso e profundo
que se faz indizível
e se exprime em sentires
apaixonados e enamorados
pela vida que sou eu, que é você.
Sou o princípio,
a veste dos vivos,
e paramento dos mortos.
Se sou assim,
(In)Feliz, assim sou.