Maria
Prosa e Poesia
Capa Textos Fotos Livro de Visitas Contato
Textos

Ontem você me deixou apreensivo.

Fiquei com medo de sua partida repentina.

Foi correndo pela porta e só deixou um rompante:

adeus, mar de minha vida!

E eu fiquei aqui, chorando e te chamando.

Tentei correr atrás, mas te perdi

pelos corredores escuros e assustadores.

Não mais te achei. 

 

Eu queria te dizer amor,

você costumava ser meu bebê,

minha única dama de amor.

Eu não planejei o que aconteceu.

Eu queria tanto que você viesse me ver.

Implorei até. Mas quando

você chegou de surpresa a neve

do alto de minhas montanhas despencou

e em avalanche sobre você desastrou. 

 

Agora não sei o que fazer.

Agora você é apenas um mistério

nos braços de outro homem.

Eu vi seu choro em sua porta.

 

Você não teve sorte hoje amor.

Você entrou e, azar, topou

com uma enorme avalanche listrada

e lívida de susto pela supresa. 

 

Eu nem ouvi seu nome,

e acabei trocando pelo de outra pessoa.

Me enganei, que fazer?

Chamei você de Prata

quando queria ter dito Ouro.

Você se enganalou montanha abaixo

como o vento ao encontro de outro homem

que até tinha escrito na camiseta:

que bom que você voltou! 

 

Hoje, homem triste e cabisbaixo,

estou sentado no banco

da pracinha perto de casa e só lamento:

- quantas saudades dela,

minha princesa diária,

minha rainha de saias e fitas.

Costumávamos conversar diariamente,

ela era sempre minha dama...

E agora se foi... tão triste... tão rápido.

Evaporou no ar.

Nunca mais a encontrei. 

 

Mas isso não foi planejado -

a avalanche saiu de minha boca sem pensar

e atingiu você logo de frente.

Eu vi seu horror, mas até pensei que ia rir,

brincar e dizer que ia ficar quietinha

do outro lado da parede sem me atrapalhar.

Eu ia dizer que já que não ia falar podia ficar...

Mas não deu tempo. Você desembalou porta afora

e rolou montanha abaixo em meio a neve que te fiz.

Te procurei, até, mas não mais achei. 

 

Agora fico aqui,

pensando em você toda hora.

Com saudades de matar... 

 

Quando lembro de você

me chamando de querido,

de amor lindo...

era assim que você

costumava me chamar,

de meu querido. 

 

Mas agora

não é tão fácil,

tá difícil. 

 

Quando eu te vejo

com outro homem...

dói, dói, dói...

 

Você não teve sorte

quando entrou

de supetão por aquela porta.

Eu estava em meu momento

de neve, de gelo eterno.

E assim que te vi, ele derreteu

e despencou cascata em livre queda -

avalanche - e desceu

com troncos, pedras, árvores até...

 

É porque você não teve sorte.

 Você tem pés frios, pés frios. 

Você ficou com os pés frios

e agora encontrou outras meias

e se afastou de mim.

 

Você é minha prata,

meu ouro,

mas você foi embora... 

 

Você costumava ser meu mel,

meu açúcar, o ser meu único amor.

Mas agora, você partiu

e isso tudo está morto e enterrado.

Agora você é apenas

mais uma amante

que corta meu coração

e depois corre.

 

Você não teve sorte amor,

chegou na hora errada,

um pouco antes e um pouco

depois da hora marcada.

E eu desci em avalanche sobre você...

minha querida mulher sem sorte. 

 

É, você tem pés frios, pés frios... 

Você enfrentou minha neve

e ficou com os pés frios.

Lamento!

Agora se afastou de mim.

Você se afastou de mim.

 

Eu amava tanto você. 

Você me disse que eu era diferente,

mas você encontrou outra alma

e agora estou aqui, sozinho, sozinho...

minha vida é só trabalho... só trabalho... 

 

Da porta você me disse para esquecer

e deixar o rio fluir, me falou 

que eu era prata e você atingiu o ouro.

 

Você sumiu, foi embora da minha vida. 

Você encontrou outro amante e teve que ir. 

Você me disse que eu era diferente,

mas você encontrou outra alma

 

Definitivamente, você não teve sorte.

Você é pé frio, pé frio. 

Você ficou com os pés frios

e se afastou de mim.

Minha neve te gelou,

minha indiferença te atingiu em cheio,

como avalanche eu te recebi amor... 

 

Para mim, você era apenas o momento,

o absurdo instante em que te conheci.

Colhi você no tempo e agora você foi embora,

flor machucada pela minha neve,

pela avalanche que sou

e que sempre despenco sobre você.

Minha frieza e minha indiferença você sentiu.

Tudo isso te feriu minha mulher sem sorte,

minha amada pé frio. 

 

Você partiu numa desvairada corrida

e eu só quis dizer que eu sou o momento, 

o absurdo instante colhido no tempo

e que... sonho com você amor...

e vivo para você Meu Infinito.

 

Mas eu fui avalanche em queda livre

e, agora, você partiu... amor... agora você partiu... 

 

Volta amor da minha vida...

eu vou escrever uma frase no muro da nossa casa

pra você ler assim que chegar ao meu coração

e colar seu rosto no meu.

Eu sei que amor querido está sempre voltando.

 

Então volta amor.

Será um dia imensurável o da sua volta.

Vou te receber com um ramalhete de flores

e no teu pijama, com os dedos vou escrever:

amor, meu amor, minha querida,

que bom que você voltou! 

Maria
Enviado por Maria em 05/11/2022
Comentários