Um poema se faz
na ponta de uma caneta,
na veia de um lápis,
que se move na página em branco
rabiscando sentimentos,
medindo o papel
em seus cantos mais sagrados,
em suas linhas mais secretas,
em suas cores mais exuberantes
e que possam criar arco-íris
nos olhos de quem
os lábios sobre o papel pousar
num beijo de labaredas
pra tudo queimar
e o poema em cinzas de poeta
e papel transformar.
E o poeta morre com a página em branco
em que escreveu sua batalha,
desenhou a guerra com as linhas
que lhe fugiam e que voltavam
num movimento dialético que o prendia,
ousada e corajosamente, ao próprio poema,
às cinzas depois da batalha,
para depois se erguer fênix,
tomar da caneta entre as mãos
e do papel em seu colo
e iniciar um novo poema
que terá como destino
sua morte e a morte do papel,
da página em branco,
onde pincelou, em suaves
e fortes pinceladas,
seu lindo e apaixonante
poema de amor.