Campos minados são meus olhos que se perderam
em meio as lavas de uma fogueira de Zandras,
cujos liames que prendem
num barco à deriva num redemoinho do mar.
Sou estrela que gira em teus ventos,
que absorve tua força,
que sente o choro
de tuas cordas afinadas demais
para uma melodia tão sem pausas
como a que escrevo.
Não sei se falei das flautas
que coloquei entre os átrios
para que em meio ao silêncio
soassem a acordar o piano
de que o pianista tecla sem dó,
que machuca cada tecla
até que o som se perca
e não se ache mais,
não se saiba mais piano,
se sinta as mãos,
os dedos que o tocam com destreza,
com força, com paixão e entrega.
Ouça amor, esse piano em dor...
esse piano em dor...
dor de paixão amor...
onde o piano chora...
nossa dor de paixão,
nossa ânsia de ser...
eu e você sobre as teclas...
esse piano em dor de paixão amor...
é campo minado esse toque amor...
é campo minado amor....
quando tocas assim...
e quando tuas mãos deslizam tão suaves
como pés de balé na dança dos cisnes,
no palco da noite em que a valsa de Zunia
toca entre os cordéis dos poetas
e os saraus que Azur me dedica em versos
de um violino que sangra a mão
e suas cordas num choro de amor,
que é quase um lamento,
um lamento amor,
um lamento que cresce,
que segue a tua respiração,
tua memória, teu coração que é MEU,
que silencia, dedilhando suavemente a canção,
que me enleva a alma,
me faz sentir a suave voz de tua boca,
teu canto que geme, que geme
e implora mais um toque de minha harpa...
toque longínquo, distante,
da viola e do piano que se misturam... eu te amo ...
entregam segredos, mistérios...
eu te amo... eu te amo... sinta amor...
ouça a batida ao fundo do meu coração...
pulsando forte... ouça amor...
o piano em dor... dor de paixão...
e o teu toque sobre a mesa...
me dizendo que és tu a criar
esta música, esse pianar
a dedilhar a harpa dos teus sentimentos,
a dedilhar as teclas que se arrebentam em mim...
e adentram meu corpo,
misturando-se
ao tamborilar do meu coração...
para que meu silêncio seja você,
em mim, seja eu em ti....
nossa música em nós...
em nosso amor...
em nosso momento de amar...
de conosco mesmos estar,
eu em ti, tu em mim,,,
amainando a dor da paixão...
para que o tempo pare...
e possas adormecer sereno
em meus braços...
em meus braços, amor...