A dor pungente em palavras que calam fundo na alma,
que mexem com sentimentos que vem lá de trás,
de um passado que vem e vai nas ondas do tempo,
um dia se coloca a frente,
noutro recua os passos que avançou.
Então os dias escorrem por entre os dedos,
um grão cada dia... um a menos pra se viver...
um a menos para abraçar, um a menos para beijar...
Ou, talvez, hoje seja o último...
quem pode saber?
Eu não queria partir para o céu da eternidade
sem ter realizado nosso sonho...
mas, hoje... não consigo mais vislumbrar
que ele se materialize para além das palavras,
para além da poesia,
para além do que caminhou até agora.
Talvez, talvez,
eu não mereça
viver este amor...
Lutei tão arduamente por ele,
perdi tantas batalhas, mas nunca desisti.
Mas vejo que há em tuas cartas Tícias, Ticianas e Marises
que não permitem chegar a minha vez de viver a poesia...
E sou eu que carrego a culpa das partidas,
sou que tenho de responder as perguntas de por onde ando,
sou eu que preciso subir as escadas cada vez que quero ver o Sol,
sou eu que abraça e sente a resistência em não se aproximar,
não se deixar tocar...
Talvez, talvez eu nasci pra ser anjo,
que paira lá no alto dos céus,
ou onde quer que seja, brilhando solitário,
somente zelando, iluminando teus passos na escuridão,
teu passos com teus amores... eu... zelando por ti e por elas...
e te amo tanto, tanto que, mesmo a dor lacinante, farei isso.
Em meu silêncio, zelarei por ti,
iluminarei teus passos,
para que sejas, com quem seja, feliz...